2 de abril de 2013

Lá fora...

E dias há em que a vontade de ficar na cama, enrolada ao cobertor é maior que tudo. 
É maior que a luz que espreita pela janela, que o chamamento dos amigos para ir ao café, que o gritar da mãe a dizer que o almoço está pronto. O telemóvel toca e volta a tocar. Alguém me chama, mas a minha vontade é ficar ali, e imaginar, sonhar, pensar. Sonhar com aquilo que poderia ser a vida, refazer os dias anteriores em histórias mentais e pensar .. em mim, em ti. Somente em mim. Os dias tem sido passados a pensar nos outros, o foco do dia eram eles, que me cheguei a esquecer de mim.
Embrulho-me melhor no cobertor e ainda sinto o cheiro da tua pele nele. É como se ainda aqui estivesses e fecho os olhos. Imagino-te ali, a segurar-me a mão e a por de lado a madeixa de cabelo que teima em cair-me nos olhos. E nesse momento, eles humedecem-se, e lágrimas caem. Não de tristeza, mas de saudade. Saudade de ti, de quando estavas aqui. Agora, apenas posso lembrar os bons momentos que passámos, e desejar que onde quer que estejas, algo te faça lembrar de mim. Ou então, se calhar não. É melhor que não te lembres de mim e sigas a tua vida. Afinal, ela tem que seguir, não é? E aqui estou eu, enrolada a um cobertor, quase na escuridão e sem vontade de sair, de ver ninguém e nem de receber os raios de luz na cara. 

Lá fora o dia está melhor que eu. Lá fora faz sol, mas aqui dentro do meu quarto e principalmente, dentro de mim está escuro, frio e nada faz sentido. A vida que levava deixou de fazer sentido desde que me largas-te a mão e foste embora. Sem um adeus, sem um último beijo, sem uma única explicação. Mas não te recrimino, não estava destinado a ser assim. Ou se calhar até estava e fomos nós que errámos no caminho que seguimos. A culpa foi nossa. É isso, errámos no caminho até chegarmos a este ponto. Mas não te culpo, nem me posso culpar a mim. Se era para ser assim, assim se fez.
Bolas, a minha cabeça não diz coisa com coisa e o coração sangra por dentro. O corpo está a esfriar, e volto a enrolar-me melhor. E os olhos voltam a fechar-se, apesar da grande quantidade de água que por eles passa. E a tua imagem, a nossa imagem volta a aparecer.
Preciso de sair deste estado e reagir. Mas não hoje.

Amanhã.


Ana Catarina Oliveira

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